Terminei um livro do Saint-Exupéry, "vol de nuit". Autor que admiro muito, não apenas pela sua biografia, mas sobretudo pela sutileza com que ele enxerga a vida. O livro em si é um pouco difícil de digerir no começo, mas o final justifica todo um enredo que antes parecia desconexo.
Enfim, o que quero compartilhar é que o livro coloca uma forte crítica a uma visão que defendi por muito tempo, de que as coisas carregam em si um sentido intrínseco que nos cabe enxergar, descobrir. Muito bonita mas pouco realista. Comecei a perceber isso conforme fui crescendo e vi a luta de cada um de nós, dia-a-dia, na busca de um sentido para este mundo. Essa questão no livro assume seu ápice na morte de um personagem; tema forte, mas que não chega a ser apelativo quando colocado pelas palavras de Exupéry. Quando é que começamos a sentir a perda de alguém? Aos poucos, quando percebemos que a dor não vem do fato em si, da morte, mas da teia de relações que deixam de fazer sentido para nós - o retrato na parede, o escritório vazio, o cachimbo que nunca mais deixou o criado mudo... São os sentidos que estão atrelados a cada um. Um sentido muito mais produzido do que intrínseco à cada objeto. E nesse processo criativo, nos tornamos então espécies de deuses, com o poder de dar sentido àquilo que tocamos, que criamos e que amamos? Não. Mas ao menos nos traz uma tranquilidade interior muito grande; não precisamos necessariamente nos tornarmos pessoas divinas que dizem compreender o sentido da vida para sermos alguém pleno interiormente. Somos todos humanos, cheios de sentidos, de relações; um ecossistema de dependências, causas e consequências. Mas ao mesmo tempo não somos livres de responsabilidades. Criar não se limita a produzir, mas a impulsionar essa grande teia para frente, que é a humanidade.
Enfim, o que quero compartilhar é que o livro coloca uma forte crítica a uma visão que defendi por muito tempo, de que as coisas carregam em si um sentido intrínseco que nos cabe enxergar, descobrir. Muito bonita mas pouco realista. Comecei a perceber isso conforme fui crescendo e vi a luta de cada um de nós, dia-a-dia, na busca de um sentido para este mundo. Essa questão no livro assume seu ápice na morte de um personagem; tema forte, mas que não chega a ser apelativo quando colocado pelas palavras de Exupéry. Quando é que começamos a sentir a perda de alguém? Aos poucos, quando percebemos que a dor não vem do fato em si, da morte, mas da teia de relações que deixam de fazer sentido para nós - o retrato na parede, o escritório vazio, o cachimbo que nunca mais deixou o criado mudo... São os sentidos que estão atrelados a cada um. Um sentido muito mais produzido do que intrínseco à cada objeto. E nesse processo criativo, nos tornamos então espécies de deuses, com o poder de dar sentido àquilo que tocamos, que criamos e que amamos? Não. Mas ao menos nos traz uma tranquilidade interior muito grande; não precisamos necessariamente nos tornarmos pessoas divinas que dizem compreender o sentido da vida para sermos alguém pleno interiormente. Somos todos humanos, cheios de sentidos, de relações; um ecossistema de dependências, causas e consequências. Mas ao mesmo tempo não somos livres de responsabilidades. Criar não se limita a produzir, mas a impulsionar essa grande teia para frente, que é a humanidade.