quarta-feira, 27 de maio de 2009

E que se faça a luz!

Chamem Drummond para anunciar
para estagnar o trânsito
e gritar
"Um peito acaba de nascer.
Um peito puro!"

Mas, caro Drummond, não pare
Antes fosse a sua rosa...
Mas é um peito
e com ele os olhos também se abrem
Vamos, grite:
"os olhos vêem".
e o mundo começa a viver
viver às custas
do nosso recém-nascido.

Ah, Drummond, como gostaria que fosse a sua rosa que tivesse
[rasgado o asfalto
Porque aí sim:
o trânsito pararia.
Mas é uma pessoa
e o mundo não tem tempo para ela.

O trânsito volta a circular,
E nosso peito é largado ao povo
de olhos abertos

Malditos olhos, escutem.
Eu já tive ética,
Já tive perdão,
Já tive caridade;
Porque já fui um peito puro.
Agora só me resta um álbum de fotos do que já foi meu passado
Um álbum de uma única foto, rasgada e amarelada:
Esperança.

O vento passa e a carrega
devegar, como se me desse tempo de despedir:
"Que você possa parar o trânsito".

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. - Rui Barbosa

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