quarta-feira, 27 de maio de 2009

E que se faça a luz!

Chamem Drummond para anunciar
para estagnar o trânsito
e gritar
"Um peito acaba de nascer.
Um peito puro!"

Mas, caro Drummond, não pare
Antes fosse a sua rosa...
Mas é um peito
e com ele os olhos também se abrem
Vamos, grite:
"os olhos vêem".
e o mundo começa a viver
viver às custas
do nosso recém-nascido.

Ah, Drummond, como gostaria que fosse a sua rosa que tivesse
[rasgado o asfalto
Porque aí sim:
o trânsito pararia.
Mas é uma pessoa
e o mundo não tem tempo para ela.

O trânsito volta a circular,
E nosso peito é largado ao povo
de olhos abertos

Malditos olhos, escutem.
Eu já tive ética,
Já tive perdão,
Já tive caridade;
Porque já fui um peito puro.
Agora só me resta um álbum de fotos do que já foi meu passado
Um álbum de uma única foto, rasgada e amarelada:
Esperança.

O vento passa e a carrega
devegar, como se me desse tempo de despedir:
"Que você possa parar o trânsito".

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. - Rui Barbosa

sábado, 23 de maio de 2009

Venetian Snares




Tentando voltar com a tag de músicas, aí vai um canadense que curto muito: Aaron Funk. Com o título de "Venetian Snares" ele tem lançado suas músicas eltrônicas com um toque erudito muito diferente. Aí vai a minha preferida do álbum "Rossz Csillag Alatt Született". Se chama "Öngyilkos Vasárnap".


Pra quem quiser mais informações sobre ele, aqui vai o site: http://www.venetiansnares.com/music.php
Um passo de distância, mas o suficiente.
E o muro cresceu com 500 metros de altura

Ele se embrenha entre o abraço, as palavras, os olhares
E só deixa passar impotência

Impotência...

IMP!

...

Colo um beijo no tijolo, viro as costas e ando.
Aliás, corro.
Enquanto o infinito te engole
A ti e ao muro

Mas a tua memória é minha
e dela nenhum muro pode me separar
sim: ela é intacta.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A lição de Adão

"Dizem que Eva foi feita da costela de Adão; não para mim. Para mim Eva foi criada do insubstituível: da alma. Sim, minha Eva foi feita arrancando minha alma. Roubado fui, e a isso não dou a mínima; até chego a pensar que minha alma era baixa mercadoria para você. Tão baixa que um dia você fugiu, esse é o problema.
Minha querida, o mundo sozinho é um lugar estranho. O céu fofo de antes ficou tão longe, as estrelas mornas se tornaram passado morto e o mais pesado é saber que aqueles que amamos precisam um dia partir. Como você.
Tudo se tornou perecível, passageiro; acho que não vale à pena amar, muito menos o meu amor por você! Não entendo, por que me abandonou? Sou amaldiçoado por amar? É isso? Prefiro ser uma pedra então, antes isso a ter o peito sempre gélido!"

Meu nome é Adão. Escrevi isso a um tempo atrás. Eu mudei, mas o mundo acredito que não, porque está forrado de pessoas como eu fora: Adão sem Eva, sem alma. Por isso, quero dizer a todos algumas coisas:

-O tempo mostra que o céu permanecerá distante pelo infinito enquanto Eva estiver longe. E esse infinito significa até onde demoramos para entender que ela não fugiu, mas que nos deu a liberdade. Eva está em tudo aquilo que conseguirmos amar.

-Amar não significa se sentir bem, nem completo. Amar é fazer-se de instrumento para que o outro possa se sentir bem e a nossa plenitude é simples consequência disso. Se um dia se sentir infeliz é porque não está amando de fato.

-Eva nos amou e continua a nos amar.

-E para terminar, saibam que tudo perece realmente, mas não para tornar nosso esfoço vão, e sim para que aprendamos a dar valor a tudo.

À minha família, ao pessoal do Centro Sumaré e a todos que me apoiaram em tempos difíceis.