domingo, 21 de setembro de 2008

O sabor dos morangos

No caminho da vida eu ando,
supostamente ando. Procurando o sentido das pedras que carrego em meus sapatos, procurando o sentido do sol que brilha lá no alto e me diz que sou diferente da poeira que junto no meu casaco abarrotado. Sim, sou diferente, sou poeira cósmica consciente; almaldiçoada ou santificada com a capacidade de perceber-se a si mesma.
Anos-luzes de vagos olhares. Vagos diante do infinito, mas repletos de vontade, de sede para enchê-los novamente e terem o direito de brilharem. De enxergar em cada ramo retorcido a vontade de viver

Explodo em agonia e contemplação...
Sou pequeno mas vivo! Vivo e sei que vivo.
Não sei o que o momento representa para a beleza, mas ela está lá, pequena e gigantesca ao mesmo tempo. É o paradoxo do objetivo sem fim, do caminho fim em si mesmo, do ego que sabe-se inexistente.
Os morangos têm gosto, mas não sabem disso.
Eu não tenho gosto, mas sei que os morangos têm gosto; não para mim, mas porque eles brilham também.
Onde está o meu gosto? Dissolvido no paladar que o procura. Atrás da pedra no sapato que me cutuca e me lembra que também existo.
Sou você, morango! Meu gosto está contigo.
Sou você, pedra! Minha insignificância está contigo.
Sou você, universo! Estou contigo.

Acordar a cada dia e, sem saber porque, desfrutar o motivo que tudo permeia. Lutar para defendê-lo, abraçar o infinito que nos esmaga e dizer: "eu te amo!"

"Clara manhã, obrigado. O Essencial é viver"




Um muito obrigado ao meu amigo Henrique Elfes

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Quero fazer um minuto de silêncio...

Não pelas crianças famintas na África,
Ou por um Tibet livre,
Ou pela barata que matei hoje de manhã

Apenas quero um pouco de silêncio,
Um egoísta minuto de silêncio!
Elevar minha mediocre indiferença ao máximo
esquecer o mundo
e fazer um minuto de silêncio por mim...

permitir-me sofrer sem culpa,
mandar tudo à merda e continuar imaculado

um único minuto
convertido em 2000 anos de história, agora esquecida
violentada por mim com um único mesquinho e tentador objetivo:
abandonar a sua memória
na solidão desse momento...


Li o comment do meu grande amigo Guto e sentime-me tentado a mexer no que chamei de "e o vento levou". Ao tentar reeditar o texto, pude notar como o momento molda as palavras. O que faço nos tópicos "Blá blá blá's" é apenas tentar transmitir oq estou sentindo a cada dia. Não somos agendas de hormônios que estaõ programadas para serem felizes na segunda, tristes na terça, rizonhas na quarta, etc. Somos um aglomerados de fatos que convergem para um sentimento diferente a cada segundo. Triste aqueles que não percebem isso e passam a vida inteira buscando apenas a "divina felicidade". Pobres pq nunca a alcançarão de fato....

Guto, um abraço.

Àqueles cujo nome não me lembro.

Quer pisar em mim?
Pise
Mas pise direito

Transforme-me em cacos,
Meus cacos em migalhas,
Minhas migalhas em pó

Porque deles tiro a minha força
Colo, junto, reergo-me

Para oferecer-lhe a outra face?
Não!
Para apagar a sua existência
com um sorriso de desprezo.