quarta-feira, 28 de maio de 2008

Xerox

Quero um rosto, uma identidade
quero me ter em intensidade
digo ao meu reflexo no espelho

e o que vejo é apenas mais uma cópia,
cópia da cópia
de Marilyn Monroe
de Marlon Brando
tomando coca-cola
e com aquela cópia de sorriso no rosto.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Evgeny Igorevich Kissin



Aqui vai a minha homenagem ao grande pianista russo Evgeny Igorevich Kissin, ou apenas Kissin. O concerto se passa em um teatro de Moscou. Nesse evento, mesmo tendo sido encerrado há muito tempo, o público o fez voltar ao palco dezenas de vezes. Para quem quiser ver esse vai e vém, assista o documentário "The gift of music", no qual o próprio Kissin faz seus comentários sobre o concerto e sobre a sua dedica trajetória musical.
Kissin é respeitado mundialmente e valorizado pela clareza e pela limpeza de cada uma de suas notas, fruto de muito treino, esforço e paixão pela música.
Ele toca "La Campanella" de Paganini. Aproveitem:

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Plenitude




O ser humano tem a bela habilidade de alterar o mundo que o circunda; um alterar bem mais profundo do que o apenas físico: ele altera o mundo em beleza, em vivência. Somos movidos pelo que chamamos de amor e com ele movemos tudo ao nosso redor. Norteados por esse sentimento, realizamos diariamente diversas tarefas que procuram melhorar nossas vidas.

Acho isso muito bonito, mas não posso deixar de observar que, mesmo diante de tantas belas obras feitas pelo homem, no fundo não sabemos amar verdadeiramente."Amo-te não por quem és, mas sim por quem sou quando estou contigo", disse Gabriel José Garcia Marquez. Vejo nessas palavras o erro que temos cometido: o modo como amamos busca antes de tudo a felicidade pessoal e todos os belos resultados que disso conquistamos não passam de simples conseqüências. Acredito que houve uma inversão na ordem desses acontecimentos, o grande responsável pelo falso sentido de vida na busca insaciável por serotonina e cia.

Os gregos já haviam percebido essa falha quando enquadraram o amor verdadeiro na procura do belo (no sentido amplo que eles desenvolveram), do bom. Mas eu me arrisco a ir além, em dizer que amar verdadeiramente é compreender a dualidade que rege nossas vidas. Perceber que se existe o sofrimento é para que a alegria também possa existir, se existe o mal é para que o bem também exista e assim por diante. É respeitar essa Lei e aceitá-la, é dizer "em tudo dai graças", lutar para defender a vida que se exprime em cada canto do desejável e do indesejável. Nas palavras de Fernando Pessoa, é perceber a insolidez do que temos por bom ou por mau, como o Tejo que é o "mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia". É captar o brilho constante que tudo emana e agir não em prol da conseqüência, mas do objetivo que é viver e defender toda essa vida.
O resultado disso é uma felicidade a qual quero dar um outro nome: plenitude.